Petra e Mar Morto são roteiros essenciais na Jordânia

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Além de oferecer experiências inusitadas, país também atrai interessados em programas de cunho histórico e religioso

Um dos países mais pacíficos e com apelo turístico do Oriente Médio, a Jordânia é uma excelente opção para se aventurar. Seja para atravessar os cânions de camelo até chegar ao Tesouro de Petra e explorar as catacumbas dos povos nabateus que ali viviam; seja para experimentar a dialética sensação de se refrescar e se “queimar” no curioso mar Morto. E, para os mais cautelosos, o país árabe também oferece interessantes rotas de turismo religioso no Monte Nebo e na cidade de Madaba.

Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Passeio com camelos é uma das principais atrações, além de ser um excelente meio de transporte para se locomover pela cidade

Para se chegar à encantadora cidade de Petra partindo da capital Amã, é preciso atravessar quase 250 quilômetros em direção ao sul do país. Em 2004, o governo jordano assinou contrato com uma empresa inglesa para construir uma estrada que facilitasse o acesso e estimulasse o turismo até o sítio arqueológico. No trajeto, a paisagem vai se tornando incrivelmente árida na medida em que se penetra no deserto de Wadi Rum, também conhecido como Vale da Lua. Nos anos 1960, a região serviu de cenário para gravação do clássico “Lawrence da Arabia”. Lá, o labirinto de formações rochosas também atrai turistas que quiserem caminhar, escalar ou acampar sob as estrelas no deserto.

Principal destino turístico da Jordânia, Petra acumula premiações e atrai visitantes de todas as partes. Em 1985, foi eleita Patrimônio da Humanidade pela Unesco e, a partir de 2007, integrou o seleto grupo das Sete Maravilhas do mundo moderno. No entanto, a cidade é muito mais antiga do que se imagina. Parque de diversões para arqueólogos e pesquisadores, Petra foi fundada no século 4 a.C pela tribo árabe dos nabateus. O engenhoso povo construiu a cidade a partir de sofisticados canais de água e represas que abasteciam as redondezas.

Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi

Como o nome supõe, a cidade foi talhada na pedra e arquitetura chama atenção de turistas do mundo inteiro

Após uma série de terremotos, grande parte da cidade foi destruída e por tempos ficou esquecida. O anonimato só terminaria em meados do século XIX, quando o explorador suíço, J.L. Burckhardt, sob o disfarce de pesquisador muçulmano, visitou o sítio e propagou sua existência para o mundo ocidental. Desde então, Petra tem recebido cada vez mais atenção, mas os mistérios e lendas acerca de sua história permeiam o imaginário das pessoas até hoje.

Pedras

Mas o que faz de Petra tão especial? Como o nome sugere, trata-se de uma cidade literalmente entalhada nas pedras, delineando as formações rochosas que circundam seu vale. O primeiro passo para chegar à cidade velha é atravessar um longo e estreito trajeto de blocos rochosos que se assemelham a cânions (também chamados de “siq”), cujas paredes se elevam a 200 metros de altura. O caminho de 1,2 quilômetro de desfiladeiro termina quase que teatralmente com a aparição do principal monumento de Petra: o Tesouro.

Grande parte do charme de Petra vem da dramática chegada à atração. Legado dos nabateus, o Tesouro apresenta uma refinada fachada que dá acesso à tumba de um importante rei do povo. A imponente figura serviu de pano de fundo para diversos filmes hollywoodianos, como “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989) e “Transformers 2″ (2011). Até a novela da TV Globo,“Viver a Vida”, usou o cenário da cidade em 2009.

[‘siq’ é o tipo de formação rochosa cujo caminho leva à cidade]

Mas Petra não acaba no Tesouro. Na verdade, ele é apenas o prelúdio para os diversos caminhos que levam a uma série de edifícios, túmulos, templos para deuses, aquedutos, arenas bem-conservadas e mais de 800 monumentos que a cidade oferece para encantar os turistas. Segundo guias locais, acredita-se que apenas 20% do sítio foram explorados, aumentando o mistério que o lugar provoca. Um fato curioso é que lá as casas geralmente eram menores que as tumbas. Isso porque os nabateus eram povos que respeitavam profundamente a vida após a morte.

Segundo locais, a primavera árabe atrapalhou muito o turismo em Petra, pois o Egito e a Síria eram os visitantes mais assíduos da região. Mas, isso não implicou uma crise na cidade, já que o número de turistas de outras partes aumenta a cada temporada. Tanto é que, nas barraquinhas de comércio nas proximidades do Tesouro, jordanos tentarão vender de tudo, negociando até ossos que alegam ser de camelo.

Depois de passar o dia inteiro explorando as redondezas, não faltam meios de transporte para voltar aos cânions. Andar em burricos, carruagens ou camelos são, sem dúvida, passeios imperdíveis, além de excelentes maneiras de se locomover no deserto. Para fechar a experiência, os jordanos criaram um tour especial para ver a cidade velha de outra maneira: trata-se do “Petra by Night” (“Petra pela noite”, em inglês), uma excursão dedicada a refazer o percurso dos “Siq” até o Tesouro, sob o luar e a partir de um caminho marcado por velas, revelando uma perspectiva totalmente nova do sítio. Os passeios duram cerca de duas horas e acontecem até três vezes por semana.

Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi
Meninos jordanos vendem passeios em burricos, camelos e cavalos ao longo do trajeto

Mar Morto

A 410 metros abaixo do nível do mar, o mar Morto é o local mais baixo do planeta e também o mais salgado: o teor de sal da água ultrapassa 30%, ou seja, é 10 vezes mais salgado do que um mar normal. Daí, como seu nome supõe, inviabiliza qualquer tipo de vida em seu interior. Por conta da alta densidade, nós inevitavelmente flutuamos – e essa estranha (e deliciosa) sensação de deixar-se levar em suas águas é a principal razão pela qual este mar atrai a curiosidade de tantos turistas.

Localizado a cerca de 55 quilômetros ao sul de Amã, o mar Morto fica na fronteira entre Israel e Jordânia. Em virtude da crescente demanda de turismo, ambos os países fizeram investimentos pesados, cada um em sua parte. No caso da Jordânia, o governo construiu novas estradas de acesso e foram investidos pelo menos cinco hotéis de alto padrão em suas margens.

WikiCommons


Alta densidade das águas espessas do Mar Morto permite que o turista não tenha outra opção senão flutuar

A experiência de banhar-se nas suas águas espessas é imperdível. No entanto, aconselha-se não ficar mais de 15 minutos em seu interior, pois o mar parece nos expulsar dele. Não se deve tampouco abrir os olhos quando estiver submerso e, também, é recomendável não entrar em caso de cortes na pele ou depilações recentes, pois o sal faz qualquer ferida arder.

Na saída da água, nota-se que a pele fica com um aspecto oleoso. A graça é pegar as lamas que acumulam na superfície do mar, passá-las no corpo e tomar sol. Depois de lavar-se nas duchas que disponibilizam nos arredores, é notável que a pele fica extremamente hidratada, macia e rejuvenescida. Aproveitando suas propriedades revigorantes, tanto Israel quanto a Jordânia lançaram suas próprias linhas de cosméticos do Mar Morto, cujo reconhecimento já atingiu escala mundial.

Excursões religiosas

Para os que se interessam por história da religião, engana-se quem pensa que, por ser árabe e predominantemente muçulmana, a Jordânia não tenha tesouros de outras crenças. Prova disso é a cidade de Madaba e o Monte Nebo.

Localizada a 35 quilômetros ao norte de Amã, Madaba foi citada inúmeras vezes no Antigo Testamento. No centro da cidade, a principal atração é a Igreja de São Jorge, que aloja diversos mosaicos bizantinos. O mais famoso deles é um mapa da Terra Santa datado do século VI d.C e escrito em grego. Considerado o mais antigo mapa religioso de Jerusalém que sobreviveu aos dias atuais, ele apresenta 175 lugares bíblicos, além de percursos de seus personagens, como Abraão e Jacob. Conhecida como “cidade dos moisacos” e fundada há cerca de 3.500 anos,

Madaba tem a técnica artística espalhada pelas suas igrejas, casas, fábricas e lojas.

[Religiosos construíram monumento em homenagem a Moisés]

Patrícia Dichtchekenian/ Opera Mundi

A apenas 10 quilômetros de Madaba está localizado o Monte Nebo, tido como o último lugar que Moisés visitou antes de morrer. De acordo com a Bíblia, o monte de mais de 800 metros de altitude seria o ponto a partir do qual Moisés teria avistado a Terra Santa e subitamente teria morrido. O local exato de seu túmulo permanece uma incógnita, mas uma pequena igreja foi construída nos arredores para homenagear o líder religioso.

Por conta disso, o Monte tornou-se um importante ponto de peregrinação para os cristãos. Mesmo para os pouco religiosos, o lugar vale a visita, pois do seu mirante é possível ter uma vista do Mar Morto; do vale do rio Jordão; da antiga cidade de Jericó, localizada na Cisjordânia palestina; e, enfim, de Jerusalém.

Nem só de aventuras, trilhas pesadas e mergulhos inusitados é feita a Jordânia. Outras opções são conhecer uma metrópole em pleno desenvolvimento, como Amã, ou fazer uma excursão àJerash, um sítio arqueológico mais light que Petra. A diversidade cultural do país comprova-se também em locais de peregrinações bíblicas, como é o caso de Madaba e do Monte Nebo. A multiplicidade de experiências na Jordânia jamais desgasta-se na passagem dos anos.

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