Visite Copenhague

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Eleita uma das melhores cidades do mundo para se viver, capital da Dinamarca surpreende por cordialidade e civilidade

Antigos monumentos, castelos suntuosos e residências no estilo “casinha de boneca” que dividem o espaço público com construções futuristas: visitar Copenhague, capital da Dinamarca, é perceber que a cidade tem uma capacidade surpreendente de renovação – em um país que tenta preservar o passado enquanto se moderniza e se orienta para o futuro.

Fundada em 1160 pelo Bispo Absalon, a capital do reino mais antigo da Europa vivenciou três grandes incêndios durante o século XIV, perdendo grande parte dos vestígios de seu passado medieval. Contudo, ao caminhar pelas ruas da cidade temos a impressão que estes incidentes ajudaram a fazer da arquitetura de Copenhague algo harmônico e, até mesmo, orgânico.

Nyhavn ("porto novo"), um dos mais conhecidos cartões postais de Copenhague. Foto: Gabriela Néspoli/Opera Mundi
Nyhavn (“porto novo”), um dos mais conhecidos cartões postais de Copenhague. Foto: Gabriela Néspoli/Opera Mundi

Orgânico, alias, é palavra de ordem para muitas das criações de designers dinamarqueses, como Arne Jacobsen e Hans J. Wegner, cujos trabalhos que aliam tecnologia e funcionalidade são reconhecidos internacionalmente.

Ciclismo cultural

Caminhando pela cidade, é impossível não se admirar com o fato de que o volume de bicicletas ultrapassa (e muito) o número de carros circulando nas vias, mesmo em dias muito frios.

Estacionamento de bicicletas em Copenhague; cidade é a segunda mais "bike-friendly" do mundo. Foto: Gabriela Néspoli/Opera Mundi
Estacionamento de bicicletas em Copenhague; cidade é a segunda mais “bike-friendly” do mundo. Foto: Gabriela Néspoli/Opera Mundi

A cultura do ciclismo é um grande orgulho para os dinamarqueses, que historicamente associam o ato de pedalar com valores como liberdade e bem estar. Dessa forma, apenas uma caminhada – ou pedalada – nos arredores basta para confirmar que Copenhague merece o título de segunda melhor cidade do mundo para o ciclismo (atrás apenas de Amsterdã, na Holanda), segundo o índice internacional Copenhagenize 2013.

No entanto, pedalar com tamanha segurança e tranquilidade só se tornou possível após um forte planejamento urbano empreendido pelo governo dinamarquês a partir dos anos 1970. Confrontado com o congestionamento de veículos que ameaçava a qualidade de vida dos cidadãos nas décadas de 50 e 60, o poder público local decidiu por uma adaptação estrutural da cidade às bicicletas. Dessa maneira, a cidade detém hoje de 390 quilômetros de ciclovias espaçosas, nas quais pessoas de todas as idades circulam diariamente por todos os cantos.

Caminhada histórica

Porém, os que não têm muita afinidade com as bicicletas não precisam se preocupar. É fácil se locomover pela capital dinamarquesa de ônibus, metrô e muitas vezes a pé, visto que a cidade é relativamente pequena quando comparada a metrópoles como Londres e Paris.

Além disso, caminhar é uma boa maneira de economizar dezenas de krøners (coroa dinamarquesa, a moeda local), já que o transporte público – assim como o custo de vida em geral – não é nada barato. Uma passagem de metrô para duas zonas urbanas, que compreendem a região central da cidade, custa 24 krønes (cerca de 10 reais), e um cafezinho não sai por menos de 25.

A "Pequena Sereia" de Copenhague: representação de obra de Hans Christian Andersen. Foto: Rafael Targino/Opera Mundi
A “Pequena Sereia” de Copenhague: representação de obra de Hans Christian Andersen. Foto: Rafael Targino/Opera Mundi

Um passeio interessante é visitar a prefeitura da cidade, um belo edifício localizado na Rädhuspladsen, e depois caminhar pela Strøget, via principal de Copenhague, repleta de lojinhas, cafés e restaurantes típicos. Nesta rua só circulam pedestres, que podem admirar as diversas fontes, estátuas e construções antigas, como a torre medieval de Rundetårn, construída em 1642 como um observatório astronômico.

Nos arredores, uma sugestão de restaurante para quem está com o orçamento curto, mas quer explorar a culinária local, é o Café Dalle Valle (Fiolstræde 3-5, 1171), que oferece 50% de desconto no menu das 17h às 23h, de sábado a terça-feira.

De lá, o visitante pode seguir para o canal de Nyhavn (“porto novo”, em dinamarquês), e explorar a área boêmia onde antigamente figuravam marinheiros em busca de prostitutas e de um bom copo de cerveja. Artistas populares também costumavam habitar os arredores do canal, a exemplo do grande escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, autor de contos como “A roupa nova do rei”. Com disposição, é possível seguir pela costa da cidade em direção ao norte e visitar a (realmente pequena) estátua da Pequena Sereia (representação de outra célebre obra de Andersen).

Em matéria de museus, o Museu Nacional é uma boa opção para quem quer entrar em contato com a história dinamarquesa, enquanto a Galeria Nacional é imperdível para os interessados em descobrir a trajetória da arte do país.

Já uma visita ao Ny Carlsberg Glyptotek permite a descoberta da extensa coleção de pinturas e esculturas do fundador da cervejaria mais famosa da Dinamarca, a Carlsberg. Ao fim da exposição, o turista pode tomar um café no belo jardim de inverno no centro do edifício e até experimentar a deliciosa Flødeboller – tradicional sobremesa dinamarquesa.

Região do Palácio de Amalienborg, residência da família real dinamarquesa; ao fundo, a Igreja de Mármore. Foto: Rafael Targino/Opera Mundi
Região do Palácio de Amalienborg, residência da família real dinamarquesa; ao fundo, a Igreja de Mármore. Foto: Rafael Targino/Opera Mundi

Alternativas

Os interessados em fugir da cultura tradicional dinamarquesa serão contemplados com uma visita a Christiania, a famosa comunidade alternativa instalada no território de Copenhague.

Fundada nos fim dos anos 60 em uma base militar abandonada no bairro de Christianshavn, a cidade livre, como também é comumente chamada, é uma das principais atrações turísticas da região. Lá, o turista pode observar inusitadas residências, nas quais atualmente habitam cerca de 800 pessoas.

A comunidade é organizada sob um modelo político de autogestão baseado na “democracia do consenso”, o que a permite estabelecer leis a parte do resto da Dinamarca. Mesmo o comércio de drogas como maconha e haxixe, considerado ilegal no país, é praticado abertamente na rua principal da cidade livre, a “Pushers Street” (Rua dos Traficantes, na tradução do inglês).

Outra opção de turismo alternativo é o Meatpacking District (Kødbyen), bairro que é uma das melhores opções para sair à noite na cidade. A região recebeu este nome pois costumava abrigar diversos comerciantes de carne. No entanto, nos últimos anos, alguns deles foram substituídos por galerias de arte independente, restaurantes e bares, transformando o Meatpacking no polo de articulação cultural de Copenhague.

Acima de tudo, visitar a capital da Dinamarca é se deslumbrar com a cordialidade de um povo e de uma cidade que nos convidam para a observação de novas possibilidades e para o compartilhamento dos espaços públicos, ideais para o exercício da cidadania. Não é a toa que, no ano passado, Copenhague foi nomeada a melhor cidade do mundo para se viver.

 

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