por João Zuccaratto
Obras de modernização do Aeroporto de Vitória são retomadas. Se tudo correr bem, tudo estará entregue até o final de 2017. Novo Terminal de Passageiros, pista para pousos e decolagens com dois quilômetros de extensão, pátio de estacionamento de aviões ampliado.
Parece que, finalmente, o Estado do Espírito Santo vai dispor de um aeroporto à altura da sua posição econômica dentro do Brasil: primeiro em volume exportado, primeiro em produção de gás natural, segundo maior em extração de petróleo, oitavo em renda per capta e décimo em PIB, além de sediar a maior produtora de celulose de fibra curta do mundo, a maior siderúrgica da América Latina e de duas das maiores transportadoras rodoviárias de passageiros do País.
A Ordem de Serviço para a retomada das obras do aeroporto situado no Município de Vitória, a capital do Estado — oficialmente, o Aeroporto Eurico de Aguiar Salles —, foi assinada. Assim, se tudo correr dentro do previsto, até o final de 2017, vão estar funcionando novo Terminal de Passageiros, área de estacionamento de aviões ampliada e segunda pista de pousos e decolagens com 45 metros de largura e dois mil de extensão, capaz de receber aeronaves do tipo 767-300.
Na solenidade que marcou a assinatura do documento, o ministro da Aviação, Eliseu Padilha, garantiu: “Vitória é uma prioridade para o Governo Federal.” E foi secundado pelo presidente da Empresa de Infraestrutura Aeroportuária — Infraero, Gustavo do Vale: “A ampliação vai contribuir para o crescimento da economia Estado. Como ela permitirá receber até 6,5 milhões de passageiros por ano, vai desenvolver o transporte aéreo e o turismo do Espírito Santo.”
Atualmente, o Aeroporto de Vitória movimenta apenas 3,5 milhões de viajantes por ano. Para mudar esta realidade, o novo Terminal de Passageiros terá dois pisos, 75 pontos comerciais, 31 balcões de check-in, cinco posições de embarque e desembarque com pontes — ou fingers — e três posições remotas — aquelas em que os passageiros são transportados em ônibus até ao lado do avião. O acesso ao pátio de estacionamento será possível por 10 pistas de taxiamento.
Compõe o empreendimento, também, a construção de uma nova Central de Utilidades, setor que reúne os sistemas de apoio para operação do Terminal de Passageiros, das pistas e pátios do Aeroporto. E, é claro, todo o sistema viário externo, com as vias de acesso e saída a serem utilizadas por carros particulares, táxis e ônibus urbanos, além dos espaços para a parada dos veículos de empresas de turismo receptivo e uma ampla área para estacionamento em geral.
Dois outros investimentos integrantes do conjunto de ampliação do Aeroporto já foram concluídos e estão em operação: a Torre de Controle e a Seção de Combate a Incêndio. A primeira reúne os serviços de gestão do tráfego aéreo, como Centro de Informações, Estação de Meteorologia, Controle de Navegação, Central de Telecomunicações etc. A segunda, quatro vezes maior e melhor localizada que a antiga, abriga oito caminhões para uso em emergências.
Histórico das obras
As obras de ampliação e modernização do Aeroporto de Vitória foram iniciadas em 2005, mas o contrato daqueles trabalhos acabou sendo rescindido em maio de 2009, após a Infraero acatar acórdão do Tribunal de Contas de União — TCU. Até à paralisação, tinham sido executados 40% dos serviços. Em 2012, um Termo de Acordo definiu condições e parâmetros para a retomada das atividades. E produzidos dois aditivos visando atualizar o projeto executivo e o orçamento.
Após a complementação dos projetos e orçamentos, o material foi enviado ao TCU, que não aprovou a retomada do empreendimento e determinou a realização de nova licitação. Os novos vencedores foram conhecidos no final de 2014. De todo modo, enquanto esta novela arrastava-se, o Aeroporto de Vitória foram recebendo melhorias. A mais importante delas, a instalação do Sistema de Pouso por Instrumentos — o ILS, sigla de Instrument Landing System, em inglês.
Ele oferece maior precisão nas orientações passadas pela Torre de Controle aos pilotos quando estes executam procedimentos de pouso guiados por instrumentos, principalmente em dias de mau tempo. Com o ILS funcionando, é possível reduzir em até 75% a suspensão das operações em condições meteorológicas adversas. A ele se juntou o novo Sistema Repetidor de Radar, dando mais confiabilidade às informações geradas pelo Sistema de Controle Aéreo do País.
Além disso, ainda podem ser destacados os seguintes aprimoramentos na atual infraestrutura do Aeroporto de Vitória:
- Ampliação da capacidade do estacionamento de veículos
- Reforma geral do Terminal de Passageiros
- Instalações de dois módulos para embarque
- Ampliação da capacidade de liberação de passageiros
- Melhoria do conforto nas Salas de Embarque
- Melhoria do conforto aos usuários em geral
- Duplicação da área de desembarque
- Instalação da segunda esteira de entrega de bagagens
Todo este esforço veio coroar uma trajetória iniciada na década de 1930, e que coincide com o nascer da aviação comercial em terras brasileiras. Se antes o transporte aéreo de passageiros era dominado por companhias estrangeiras, usando basicamente hidroaviões, a abertura de campos de aviação em solo permitiu o florescer das empresas nacionais. E o Aeroporto de Vitória fez parte desta história desde os primórdios, com os pousos e as decolagens em sua pista de terra.
Ao longo de mais de oito décadas, foi ganhando melhorias, como o asfaltamento da pista e do pátio de estacionamento das aeronaves, construção e ampliação do Terminal de Passageiros, incorporação das mais modernas tecnologias à disposição no decorrer dos anos e muito mais. Agora, prepara-se para entrar de vez no século XXI, deixando para trás um período no qual seus serviços são criticados por muitos, mas cuja informalidade deixará saudades em alguns, notadamente este que vos escreve.
Imagens do novo Aeroporto de Vitória
Um pouco da história do Aeroporto de Vitória