Segundo estudo divulgado recentemente pela Oxford Economics para o WTTC (World Travel and Tourism Council) realizado em 46 países, existe um risco de redução significativo do número de empregos especializados no setor de turismo. A indústria fez um trabalho muito bom em qualificar os profissionais com maior cultura, gosto por servir e domínio de um segundo idioma que conseguiu atrair. Agora, eles são disputados por outros setores.
Diante da mão de obra qualificada, outros setores da economia criaram opções atrativas de trabalho para aproveitar a boa qualificação que estes profissionais demonstram. A prestação desse tipo de serviço ficou cada vez mais especializado e outras áreas acabaram se interessando pela mão de obra advinda desse nicho.
Trícia Neves, sócia-diretora da Mapie, consultoria brasileira associada à americana PhoCusWright, confirma que a indústria do turismo, conhecida por atrair pessoas com gosto por servir e habilidades relacionadas, tem sido fonte de recrutamento para outras áreas de atuação, para onde têm migrado muitos dos profissionais. “Precisamos reinventar nossas práticas de gestão de pessoas. Continuamos contratando pessoas com determinada escolaridade, fluência de idiomas e disponibilidade de horários. Queremos contratar gente com atitude, com paixão por servir, com educação, com vontade de fazer parte do negócio”.
No Brasil, empresas hoteleiras grandes e pequenas sentem fortemente este impacto no dia a dia. Ao criar novos conceitos e novos serviços, muitas vezes, colocam sua implantação em risco pois dependem de pessoas com perfil específico e qualificação que já é difícil de encontrar.
Os outros setores da economia viram neste potencial humano uma excelente oportunidade de conseguirem profissionais com qualificação diferenciada. Assim, os profissionais do turismo, diante de um mercado de trabalho concorrido, têm a oportunidade de buscar maiores remunerações em diferentes áreas.
Segundo a análise realizada pela consultoria Mapie, esses profissionais querem trabalhar em empresas que proporcionem sentido, que tenham propósitos aliados aos seus, onde possam atuar com autonomia, com espaço para criar, sugerir e influenciar dentro do negócio onde estão inseridos. E, além disso, buscam também se divertir, fazer aquilo para o qual possuem dom, que possam agir com naturalidade.
Para que a gestão de pessoas seja cada vez mais eficiente, a Mapie sugere soluções como laboratórios de desenvolvimento, novas fontes e formas de recrutamento, co-construir com os profissionais novos planos de remuneração, benefícios, horários e motivações – tudo isso pode ajudar a criar uma nova cultura para aqueles que estão inseridos no mercado, como também para aqueles que ainda poderão ingressar.
“É necessário pensar de forma coletiva em busca de novas e interessantes soluções. Já atribuíram a Einstein uma definição curiosa da palavra insanidade: fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. Esse já é um bom ponto de partida para que empregadores e gestores de RH possam adotar novas práticas”, finaliza a sócia-diretora da Mapie.