A maior viagem de trem do mundo dura 21 dias, atravessa 13 países, liga Portugal a Singapura e se tornou o grande sonho dos aventureiros

Com 18.755 km e 13 países, a maior viagem de trem do mundo tornou-se teoricamente possível. Descubra a rota, os desafios geopolíticos que a impedem em 2025 e o futuro desta odisseia ferroviária.

A ideia de atravessar continentes por via férrea sempre exerceu um grande fascínio. Recentemente, a possibilidade de uma jornada de trem de Lagos, em Portugal, até Singapura, no Sudeste Asiático, emergiu como um marco teórico das viagens terrestres, representando a que seria a maior viagem de trem do mundo.

Entenda o itinerário teórico desta jornada, os fatores que atualmente a inviabilizam e as perspectivas para que um dia ela se torne realidade, com base em análises de especialistas e dados de operadores.

Desvendando a rota teórica de Lagos a Singapura

A concretização da maior viagem de trem do mundo envolveria uma complexa teia de conexões ferroviárias. Com aproximadamente 18.755 quilômetros, a jornada levaria cerca de 21 dias para ser completada, atravessando 13 países.

O percurso começaria em Lagos, Portugal, seguindo para a Espanha e depois para a França. De Paris, a rota se estenderia para leste, passando por Alemanha e Polônia até chegar a Moscou, na Rússia. De lá, o viajante embarcaria na lendária Ferrovia Transiberiana (ou suas variantes, como a Transmanchuriana) para uma travessia de quase seis dias até Pequim, na China.

Na Ásia, a viagem seguiria para o sul. A peça final que tornou essa rota teoricamente possível foi a inauguração da Ferrovia China-Laos em dezembro de 2021. Essa linha conecta a rede ferroviária chinesa ao Sudeste Asiático, abrindo caminho por Tailândia e Malásia, até o destino final, Singapura.

Realidade em 2025: uma jornada impossível?

Apesar de a infraestrutura existir, em junho de 2025 a maior viagem de trem do mundo é impraticável. O principal obstáculo são as perturbações geopolíticas decorrentes do conflito na Ucrânia.

As sanções e restrições levaram à suspensão de serviços de trem de passageiros essenciais entre a Europa Ocidental e a Rússia, como as rotas Paris-Moscou e Berlim-Moscou. Isso bloqueia efetivamente a entrada na Rússia a partir da Europa por via férrea. Mesmo que alguns serviços entre Rússia e China sejam retomados, viajantes ocidentais enfrentam barreiras significativas, como a dificuldade de obter vistos e a impossibilidade de usar cartões bancários ou acessar sites de reserva russos.

O futuro da maior viagem de trem do mundo

A reabertura da rota completa de Lagos a Singapura depende de fatores que vão além da engenharia. A condição fundamental é uma significativa desescalada do conflito na Ucrânia e a normalização das relações diplomáticas entre a Rússia e as nações ocidentais.

Isso permitiria o restabelecimento dos serviços ferroviários internacionais e a reabertura de consulados para emissão de vistos. Embora o sonho da maior viagem de trem do mundo esteja em compasso de espera, a busca por conectividade continua. O desenvolvimento de corredores como a Ferrovia China-Laos mostra que a expansão ferroviária prossegue, mesmo que de forma mais fragmentada e regionalizada, moldada pelas complexas realidades geopolíticas do nosso tempo.

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